Vida ampliada
A infância traz-nos sempre boas recordações.
Desfolhamos os álbuns de memórias fotográficas onde nos encontramos com o tempo e com todo o passado da inocência e da moda ultrapassada.
Há sempre uma música, um programa de TV, um objeto que nos devolve à essência dos anos que não mais voltam.
Todos temos um objeto em casa dos nossos pais que nos faz parar e sentir o momento do passado. Para muitos de nós, era lá que gostávamos de estar e recomeçar tudo. O colo era protetor, as responsabilidades matinais eram apenas ver os desenhos animados.
Há sempre um objeto que era teu cúmplice.Lembras-te do teu?!! Já tens a imagem dele na tua memória ?!
Tudo pára e recordas-te o bom que era quando naquele tempo eras só tu e o teu objeto de eleição. Só ele conhece os teus pensamentos e ilusões desse teu passado. Só esse objeto percorreu as tuas mãos e soube a força com que lidaste com a vida.
Essa cumplicidade faz com que o lugar seguro das coisas seja no coração.
E muitas vezes a proximidade do fim nos acorda para o recomeço.
Sempre gostei dos binóculos do meu pai.
Ajudou-me sempre a ter um plano ampliado da vida. Separamos-nos em 30 anos e após o recomeço, cada dia que passa apesar da ferrugem que o invade, fica o amor que me acolheu nele que ficará para sempre guardo em mim.
Foi o fim de uma era que determinou o recomeço deste encontro.
De ampliação de sonhos ficará agora sempre comigo como decoro, no móvel do lar que habita em mim para contemplação do belo.