LINHA



Há pessoas que estão sempre na linha da frente, pela sua visão, pelas histórias que têm para contar e outras até, pelas histórias que ouviram contar.Há pessoas que só querem estar, propositadamente na linha de trás. Muitas vezes atrás dos montes. Onde o silêncio é o barulho principal, onde os miúdos ainda brincam na rua, a mesma em que os pastores passeiam o gado.
Estamos num país de tradições. De viúvas que vestem o preto. Da missa que entoa o bem que dizem que vai ser feito. Das vassouras com o cabo virado para baixo para espantar o "mal" e num país que o azeite é a melhor das gorduras.
Vivemos num país de contrastes. Do bairro alto que prepara as marchas  e recebe turistas até ao interior que preparam o cultivo do próximo inverno e recebem os emigrantes uma vez por ano. Das cidades que vivem de turismo para aquelas aldeias em que o número de habitantes é de mera meia dúzia que equivale a seis.
 Num mundo de tecnologias em que para saber o museu que está à nossa frente basta clicar na aplicação do telemóvel, ao mundo em que a TV é vista por TDT, que sintoniza com pouca qualidade e quantidade.
Todos caminhamos para uma linha de preparação. Todos utilizaremos a bengala, que é uma espécie de linha de apoio. Aguardemos o que  o futuro nos reserva.
Boa esta fé e dicotomia que ampara o mundo. 
Boa esta vida que nos permite assistir às transformações dos últimos 20 anos.
Boa esta oportunidade de fazer parte deste mundo de conversas, de partilhas e de segredos.... e tradições.
Que bom saber que um simples lenço se pode utilizar de várias maneiras, consoante o meu destino.Da carteira, ao pescoço, da cabeça ao pulso.
É isto que sinto, é disto que me visto e dispo.