Cabine
Nos tempos dos nossos avós o namoro era à janela.
Nos tempos dos meus pais o namoro era no portão.
No meu tempo o namoro começava na cabine telefónica. De moedas. Onde o tempo corria tão rápido e só se ouvia o cair das moedas ao mesmo tempo que o batimento cardíaco do meu coração.
Quando a chamada terminava, sentia-me tão feliz com a confirmação do amor.Nessa altura combinávamos o encontro. Íamos passear de carro e voltávamos à hora da Cinderela, meia noite certas, como tão certo o olhar sobranceiro do papá em casa.
Ia feliz e voltava ainda mais.
Era um namoro, puro, genuíno e sincero. Eram os vinte e poucos anos. Era o inicio de tudo.
Amei mar-te.
Hoje voltei à cabine telefónica. Liguei-te. Mas o número já não era o mesmo. Estava desativado.
Um dia havemos de nos reencontrar, pelo acaso da vida.
Porque o futuro guarda sempre algo do passado para ti. Não me vou abandonar nestas certezas.Repetia tudo outra vez.
Não vou adiar ....porque a vida não espera.