A vontade de chegar a casa...
Estou a sair de casa. Ligo o alarme, desligo a luz e dou as 7 voltas à chave.
Fica ali tudo imóvel. À minha espera.
Olho para a porta cinzenta e esbarro-me com a realidade. Dói o peito. Queria ficar por ali. Anseio sempre o final do dia.
Imagino-me sempre naquela paz. Imagino sempre os móveis a falarem uns com os outros e os objectos a mudarem de lugar na brincadeira uns com os outros.
A brisa corre porque deixei as janelas abertas. As cortinas dançam.
Espreito pela fechadura. Todos estão em festa. Todos são felizes. Tudo é acolhedor e cheira bem. É assim que descrevo o meu mundo.
Chamo o elevador que me vai fazer descer à terra. O carro aguarda-me na garagem. Também merece a minha presença. Tenho que ir experimentar o mundo.É obrigatório.
Dava tudo para sair da garagem e voltar a entrar, subir novamente e apanhar o meu mundo desprevenido.
Por agora conduzo-me ao destino. Aquele que suporta tudo. A mim a casa e o carro.
Volto já. Esperem por mim. Às 18 horas vamos todos dançar.