MEU


Falar de amor.
Sorte a minha de saber dar, a quem me sabe receber.
Sorte de te ter.
Dizem que a sorte é trabalho de um vida inteira. E que não há amor em part-time. Que nada é garantido? Que o amor pode ir e vir? Que a sorte tem a graça de um palpite? E que a paixão tem muito de apetite. Que é preciso saber navegar, que quando há sorte, há azar. Que nada é previsível e não há amor divisível. Que as histórias se repetem sem que se tire lição.
Que o amor é narrador mimado, estranhamento isolado em cada paixão.
Temos sorte sabes?
E não é só porque sim, é porque não e talvez no nosso enorme “era uma vez”.
Sabes que é a ti que quero dar toda a unidade do meu tempo?
És o meu trevo, o meu medo, o meu colo, o meu tempo, o meu desmazelo, a minha amarra, o meu abraço e o compasso do meu coração.
Hei-de fazer por merecer a sorte de te ter. Não hei-de dar por garantido o passado já vivido e tudo o que ainda há por fazer. Quero te ter inteiro. Na dúvida e na questão, nos dias nublados, em tédios continuados, nas tuas mãos. Não quero confiar as coisas boas, às coisas más, quero alimenta-las com pétalas de paixão, com essa gratidão e com o nosso amor.
Temos sorte, sabes?
Cruzámos-nos e deixámos que a sorte levasse à avante. Fomos militantes, constantes, amantes.
Deu trabalho aprender que nada se prende. E que a sorte se aprende quando há muito amor.
Atrevo-me, de trevo na mão a dizer.
Na certeza de ter ter:
Temos sorte amor.
O texto não é meu. É vosso. A história é minha.É nossa.