À volta
Amanhecia na avenida que é da liberdade. A minha rotina de há muitos muitos anos. Já eu respirava baixa quando a baixa tinha um ar, para muitos, pouco respirável. Foi aposta certeira. Desde mil novecentos e agora nem me lembro......
8:30 da manhã.Segui pelo corredor central. A cidade já circulava. Os da direita subiam em direcção à câmara, os da esquerda desciam em direcção à ribeira. Curiosamente sendo esse o sentido dos carros, analisei tudo à minha volta e todas as pessoas obedeciam ao inverso dos ponteiros do relógio mas em estrita consonância com os veículos a motor da cidade. Eu era a única que circulava no centro. Aliás circulo sempre. Sem pensar, talvez seja uma forma inconsciente de observar os tripeiros, em aceleração máxima como aquele carreirinho de formigas que leva a comida ao destino.Para onde vai aquela gente toda.?!Que histórias contam?!Andamos todos à volta do mesmo?!!
É nestas alturas que gostava de ter um drone para ir às alturas e gravar os circuitos à praça misturados com os afazeres das pessoas.
Tudo parece rolar. Em círculo. Sempre. Há vidas muita diferentes em cada veículo a motor. A vida de um portuense só atinge o seu prestígio se for à praça dar a volta.É aqui que se respira o ar puro das árvores entretanto retiradas mas cujo oxigénio ficou, é aqui que o céu está sempre a céu aberto e se fazem as preces, é aqui que as estrelas brilham e nos iluminam à noite.
É fácil fotografar neste círculo que pertence ao mundo.O nosso Porto que agora abre muito das suas portas da cidade aos turistas.
Por aqui tudo parece que encaixa na sua habitual rotina. Tudo rola de forma calma e ordeira. Já na VCI, é aconselhável tomar um " Valium".
Calma Porto, calma,
Com amor, tudo se resolve. São as voltas da vida.Quando se espera que a vida dê voltas.
