A primogénita
Nasci no Porto, onde se pode desaguar e agarrar nas coisas mais simples e bonitas da vida. Por aqui quando os olhares se cruzam todos sorrimos. É simpatia e empatia das gerações, é fenónemo social mistério reconhecido por todos. É pertença e medalha de mérito com direito às chaves da cidade.
Belisco-me todos os dias.Na esteira das coisas que gosto. Pela ordem natural das mesmas. Sem molduras perfeitas, textos centrados, ou letrinha garamond de tamanho 12. Sem gif animados ou instastories cheios de corações. Só ADN para libertar.
Há variantes que arrepiam a alma.E o sol, neste tempo chuvoso findo, decidiu surpreender. A brisa ainda se sente, mas a manga curta provisória já destapa a pele, para receber a vitamina D e comunicar com todos os sentidos.
Esta varanda é tão cheia de histórias, este Porto é tão cheio de memórias e por isso faço disto bandeira e convido todos a vir habitar por aqui e ser inquilina deste campo de visão.
Vaidosa por saber que é previlégio ser herdeira neste primeiro lugar na linha de sucessão, por ser primogénita e por ser turista todos os dias, apesar de aqui trabalhar.
O tempo é curto e o momento é enorme. Mas estendo os braços e ganho asas para tudo o que se estende à minha frente e me compromete pela sua justiça.
Tudo pode ser sempre um começo mil vezes repetido. E a âncora não ruma a outro destino.
Hoje o dia é só para fazer nada. É só namoro de vida. Onde a alegria tem um poder de atracção e contágio aos que gostam de roubar sorrisos.
Modo voo nesta varanda onde a realidade supera tudo o que se sonha. Apetece sempre ficar.Apetece dar mais tempo ao tempo.
Todos precisamos de um Porto para crescer.