Parto difícil
18.00h. Chego à escola do primogénito na linha de sucessão.
É a hora da verdade. Da reunião de avaliação dos nossos entes queridos que estão a crescer todos os dias. Mais um fim de época para o futebol de 11 e para o campeonato da escola do meu herdeiro, onde são 50 e deveriam ser 25, mas para a economia girar melhor em detrimento do melhor aproveitamento escolar, os valores invertem-se.
Normalmente vêm as mães. Numa espécie de caça ao tesouro, procuramos a pauta, para depois ir falar com o professor correspondente a cada cadeira mal ou bem disciplinada.
Ninguém quer repetir as ciências, a história e o português, porque a vida vai encarregar-se de trazer matematicamente tudo outra vez.
Na recta final do ano em curso, a reunião é um pouco animada em jeito de colação para algumas mães, mas há outras dinâmicas a cumprir.Nas costas dos outros vejo as minhas e não me posso rir quando estou na fila, porque a minha vez vai chegar.
Espero que os meus não me tragam problemas, daqueles bem cabeludos, bem a combinar com o espírito bem forte do outro progenitor.
É preciso ter alguma estaleca, encher o peito de ar, muita coragem, colo e cama de rede das várias amigas para aguentar tudo isto sozinha.
Somos todas curiosas na hora da pauta e na hora da verdade em diálogo que mais parece um monólogo. São os nossos que estão ali. Os nossos que saíram de dentro de nós. Porque um parto não acaba na maternidade.