Isabella

Queria pedir mais tempo ao tempo. Para observar.  Há muita gente que prefere apreciar o roseiral da vizinha e não desfruta das flores que crescem no próprio jardim. Tivemos tempo para todo o processo de fotossintese e apesar do mundo lá fora existir, houve um grande processo de metamorfoses dentro de nós. É preciso pôr musica ambiente, acender velas, cheirar as flores na casa, colocar os sonhos carregados e viver a vida.  

Tentei passar parte do meu dia a escrever e a ler. Para lavar a alma fui dedilhando nas entrelinhas do tempo de confinamento. Somos pássaros de liberdade e apesar de apreciar todo este novo tempo do nosso tempo, quero o fim desta temporada, para regressar ao ar livre e viver o resto dos capítulos confinada à certeza das minhas paixões. De qualquer das formas, não aplicarei a fuga de outro tempo gramatical que não seja o Presente. Mesmo que isso não dignifique o facto, de ele vir mal embrulhado. E um dos melhores presentes é o oxigénio puro inalado, sem qualquer contenção do suspiro futuro. A maior riqueza está no interior. O teu, o meu ...e há ainda muito por descobrir. Enquanto não houver vacina o medidor válido deveria ser a obrigatoriedade de encostar a cabeça no peito e sentir o bombear do coração do outro. Gosto de te ouvir. E acertar em cheio no teu coração.

Sei que não gostas de estar só. Sei que aguardas a minha companhia. Sei que me consideras a tua metade. Sei que somos só nós na tua mente. Sei que as montanhas não se movem e que os lençóis são movediços. https://youtu.be/LSZwADFrjkY